O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem adotado uma presença mais ostensiva e possante nas Américas, revisitando antigas diretrizes de política externa para prometer a região porquê sua extensão exclusiva de influência, segundo estudo de Alberto Pfeifer, coordenador do grupo de Estudo de Estratégia Internacional da USP (Universidade de São Paulo). 

Pfeifer destaca que as táticas americanas, embora muitas vezes justificadas pelo combate ao narcotráfico e ao transgressão organizado transnacional, escondem uma intensa disputa geopolítica. “Desde o exposição de posse, Trump enunciou essa presença mais possante no hemisfério ocidental”, afirma.  

Ele explica que a estratégia americana remete ao pretérito, e tem o objetivo de solidar o foco regional e liberar recursos em outras partes do mundo.  

“Os Estados Unidos estão revisitando a famosa Teoria Monroe, do século XIX, que dizia que os EUA deveriam se concentrar na sua vizinhança, na região do hemisfério americano, deixando de lado, por contrapartida, outras partes do mundo”, explica.  

Para Alberto Pfeifer, essa concentração tem levado à retirada do espeque americano a países da Europa, demandando que os aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Setentrião) invistam mais em resguardo e segurança. 

“O tecido de fundo das ações nas Américas não é unicamente o combate ao transgressão, mas sim o entrada ao mercado de commodities cruciais e o retraimento de potências rivais”, ressalta. 

“Por trás de todo o tecido de combate ao transgressão organizado transnacional ao tráfico de drogas, está a disputa geopolítica com Rússia e com a China, e a corrida pelo entrada ao petróleo, aos hidrocarbonetos, às terras raras e aos minerais críticos que são o grande núcleo da disputa entre Estados Unidos e China. A Venezuela, a Colômbia, a Guiana e o Brasil, por exemplo, possuem reservas importantes desses recursos”, acrescenta. 

Ainda de tratado com Pfeifer, a pressão ostensiva se manifesta em diversas frentes regionais. Ele aponta que o governo americano tem atuado diretamente contra o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, enviando frotas navais e tropas na costa venezuelana.  

“Trump vem chamando o líder venezuelano de patrão de um monopólio de drogas. Sanções também foram aplicadas contra o regime de Gustavo Petro, na Colômbia, que teve ajuda americana retirada”, pontua.  

“Em contraste, Washington oferece proteção ostensiva a regimes alinhados ou estratégicos, porquê a República da Guiana, que descobriu enormes reservas de petróleo e gás originário e se tornou o país de maior propagação econômico nos últimos dois anos”, destaca.  

Alberto Pfeifer lembra que o espeque se estende ao governo de Javier Milei, na Argentina, com uma compra de títulos da dívida de US$ 20 bilhões (muro de R$ 108 bilhões) para prometer o sucesso do presidente prateado.  

“O objetivo final dos Estados Unidos é distanciar interesses externos, porquê Rússia, China e, em menor graduação, o Irã. Esse jogo geopolítico no qual os Estados Unidos tentam distanciar interesses externos, estão estabelecendo a região das Américas porquê sua extensão de influência única e decisiva”, observa.  

“Para o Brasil, que é parceiro importante nas Américas e tem na região sua principal extensão de frase externa, é fundamental calibrar a relação com os Estados Unidos, prestando atenção nas ações de Washington e nas implicações geopolíticas das conexões com parceiros externos”, conclui Pfeifer.