Mais do que a decisão sobre as taxas de juros, o mercado financeiro está de olho no tom da enunciação dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos nesta Superquarta. O motivo é simples: o expedido das instituições deve revelar, nesta quarta-feira (17), as intenções futuras da política monetária, não unicamente o que está sendo determinado agora.

Especialistas ouvidos pelo InfoMoney afirmam que o Federalista Reserve (Fed, banco médio dos Estados Unidos) deve anunciar um incisão inicial nos juros, escoltado de uma notícia descrita uma vez que dovish-cautelosa.

Isso significa reconhecer qualquer refrigério no mercado de trabalho e uma inflação mais benigna, mas ao mesmo tempo enfatizar que os próximos passos dependerão de dados futuros e que não haverá um cronograma antecipado de reduções.

Nos EUA, a pressão por flexibilização aumentou depois que o número de pedidos de auxílio-desemprego atingiu o maior patamar em dois anos. O Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na {sigla} em inglês) também revisou para insignificante a geração de empregos até março, de 1,8 milhão para 911 milénio.

Esses sinais de desaquecimento contrastam com uma inflação ainda persistente e reforçam a visão de que a domínio monetária prefere adotar uma notícia cuidadosa, calibrando expectativas sem se comprometer com um ciclo definido de cortes.

Por lá, a expectativa compartilhada por diversos bancos uma vez que Bank of America (BofA) e JPMorgan, é de um incisão de 0,25 ponto percentual (p.p.), ajustando a taxa para um pausa de 4% a 4,25% ao ano.

No Brasil, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom, órgão do Banco Mediano) mantenha a Selic em 15% ao ano. O oração deve vir com tom de vigilância, mesmo depois uma melhora nas projeções de inflação captadas pelo boletim Focus. A domínio monetária reconhece a recente deflação e a queda do Índice de Atividade Econômica do Banco Mediano (IBC-Br), mas deve substanciar a urgência de manter os juros elevados por mais tempo para prometer a ancoragem das expectativas.

Bruna Centeno, economista da Blue3 Investimentos, diz que, na prática, o tom do expedido pode mexer bastante com os mercados se vier dissemelhante do que já está precificado. A Bolsa brasileira, por exemplo, acompanha com sucessivos recordes nas últimas sessões a expectativa de incisão de juros nos Estados Unidos, porque o investidor estrangeiro tende a direcionar recursos para economias que oferecem melhor retorno.

“O risco é que, caso o Fed não incisão os juros, haja um movimento contrário, já que o mercado trabalha com uma verosimilhança de tapume de 90% de redução de 0,25 ponto percentual. Ou seja, segmento do otimismo já está incorporada nos preços, e qualquer sinal mais cordato pode gerar correção imediata”, diz.

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Segundo Sidney Lima, crítico da Ouro Preto Investimentos, se o Federalista Reserve (Fed) adotar uma postura mais conservadora na decisão desta semana, há risco de correção no Ibovespa e em outras bolsas globais.

A sinalização de um ritmo mais lento de flexibilização também pode provocar realização de lucros em mercados que vêm renovando máximas e reabrir o prêmio de risco. Para emergentes, conforme ele, o impacto tende a ser mais acentuado, devido à maior sensibilidade às condições financeiras internacionais.

No caso brasílico, o quadro interno adiciona pressão, de contrato com Thiago Costa Azevedo, sócio-fundador da Guardian Capital. Ele explica que além da vulnerabilidade aos fluxos globais, os dados econômicos locais trazem preocupação, com uma situação fiscal delicada e projeções que já apontam para risco de um “apagão fiscal” em 2027 (quando o orçamento poderia permanecer totalmente engessado por despesas obrigatórias, sem espaço para investimentos), fator que pode reduzir o gosto de investidores estrangeiros pelo país.

Pós-Superquarta: efeitos de juros sobre bolsas, commodities e fluxo de capitais

Cortes de juros nos Estados Unidos tendem a beneficiar tanto as bolsas quanto as commodities, explicam os especialistas. A redução do dispêndio de capital e a expectativa de um dólar mais fraco historicamente favorecem múltiplos de ações e preços de ativos em dólar, uma vez que ouro e metais industriais. Ainda assim, segmento desse movimento já foi antecipada pelos mercados, que aguardam o tom do oração de Jerome Powell para calibrar as projeções de 2025 e 2026.

No mercado acionário, a perspectiva de juros menores pode ampliar o gosto por risco, sobretudo em setores mais descontados depois anos de preferência global por renda fixa. Já nas commodities, diz Centeno, a expectativa é de maior demanda em um envolvente de liquidez mais frouxa e câmbio menos pressionado. O risco, no entanto, é que qualquer sinalização mais cautelosa ou cortes aquém do esperado reverta o otimismo atual.

“Essa subida costuma ocorrer no pequeno prazo. Se, no médio e no longo prazo, não houver fundamentos econômicos e estruturais para manter a tendência de subida, unicamente os juros não conseguem segurar”, avisa Azevedo.

Por outro lado, a manutenção da Selic em 15% pelo Banco Mediano preserva o diferencial de juros, tornando o Brasil atrativo para o chamado carry trade, estratégia em que investidores captam recursos em países com juros mais baixos e aplicam em ativos locais de maior rendimento. Esse fluxo de capital, explica LIma, sustenta a demanda por renda fixa e ajuda a ancorar o câmbio. Com cortes de juros nos EUA, a tendência é de aumento da ingresso de dólares, pressionando o câmbio para insignificante no pequeno prazo.

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