O ex-árbitro e comentarista Sálvio Spínola afirmou, durante participação no CNN Esportes S/A deste domingo (2), que a arbitragem brasileira segue em padrão namorado, mesmo em seguida décadas de promessas de profissionalização.

Para ele, o formato atual da arbitragem no país ainda é marcado pelo improviso e pela falta de estrutura, mesmo com as constantes discussões sobre a profissionalização da categoria.

Sálvio contou que conciliava o trabalho corporativo com as funções de avaliador e que as condições de jornada dupla eram incompatíveis com o nível de exigência do futebol profissional.

A vida que eu tive uma vez que avaliador de futebol e trabalhando no mundo corporativo, que eu sempre trabalhei em empresas, eu não libido para ninguém. Tenho orgulho da minha curso. Eu tenho. Olho para trás, eu tenho orgulho da minha curso, mas essa vida (…) não é admissível isso.

Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista de arbitragem

Ele relembrou situações em que precisou deixar o expediente diretamente para o campo, sem sota, alimento adequada ou preparação.

“Passei, por exemplo, na empresa que nós estávamos reunidos o dia inteiro para fechar uma fábrica, exonerar 400 funcionários. Problema com prefeitura, sindicato, tomando moca o dia inteiro. E aí, quando deu mais ou menos 5 horas, eu precisei trespassar correndo, peguei minha mala de arbitragem e, às 8h30, eu estava no Canindé iniciando um jogo Portuguesa e São Paulo do Campeonato Paulista”, relatou.

O ex-árbitro ressaltou que, em casos uma vez que esse, eventuais erros podem ter sido consequência direta da falta de estrutura e sota.

Talvez, se eu cometi qualquer erro lá, foi consequência disso. Se eu não cometi, foi porque os jogadores resolveram, porque tem jogo que o jogador resolve. (…) Quando o time é bom, ninguém fala de arbitragem, mas nem sempre se apita esse jogo.

Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista de arbitragem

35 anos de espera

Ao relembrar o início da curso, Sálvio observou que as promessas de profissionalização da arbitragem se repetem há mais de três décadas, sem avanços concretos.

“Eu entrei na arbitragem em 1990 e aí todos falavam assim: ‘Olha, se prepara porque a arbitragem vai precisar de dedicação exclusiva, vai ser profissional’. Lá no final da dez de 90, de novo, nos anos 2000, diziam: ‘Agora vai ser. Se vira aí que não vai poder mais trespassar para trabalhar, ser policial militar, ser professor’. E foi. 2014, Despensa do Mundo cá no Brasil, falaram: ‘A FIFA só vai querer agora países com árbitros profissionais, com dedicação exclusiva’. Estamos em 2025 e ainda é do mesmo jeito”, refletiu.

Para Sálvio, o padrão atual é insustentável e precisa ser reformulado com urgência.

Em 2025, ainda ser esse padrão que eu passei, é incabível no futebol brasílico.

Sálvio Spínola, ex-árbitro

CNN Esportes S/A

Com Sálvio Spínola, ex-árbitro e comentarista de arbitragem, o CNN Esportes S/A chega à 115ª edição. Apresentado por João Vitor Xavier, o programa aborda os bastidores de um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais lucrativos do mundo: o esporte.

Em tarifa, os assuntos mais quentes da indústria do mundo da esfera, na perspectiva de economia e negócios.