
Consumidor é enganado e forçado a usar o cartão de crédito físico, o que permitirá a realização de uma ‘transação-fantasma’
Um grupo de cibercriminosos colocou em operação um dispositivo capaz de fraudar compras com cartão de crédito realizadas por aproximação em pontos de venda — a modalidade se tornou popular no Brasil e no mundo na pandemia. O alerta foi emitido pela empresa de segurança Kaspersky e aponta que o novo golpe vem sendo difundido por meio de um vírus do Prilex.
Segundo apuração da Kaspersky, as três novas variações do Prilex são capazes de bloquear pagamentos por aproximação nos dispositivos infectados. Ao impedir a transação, o consumidor é forçado a usar o cartão de crédito físico, o que permitirá a realização da “transação-fantasma” pelos golpistas.
O Prilex é composto por fraudadores brasileiros especializados em TI. O grupo se notabilizou por sua evoluação gradativa na arquitetura dos golpes, ao migrar de um malware (programa malicioso) de caixas eletrônicos para fraudes em pontos de venda.
O grupo opera na América Latina desde 2014 e, supostamente, está por trás de um dos maiores ataques nessa região. Durante o Carnaval do Rio em 2016, capturou dados de mais de 28 mil cartões de crédito e roubou o dinheiro de mais de mil caixas eletrônicos de um banco brasileiro.
Há indícios de que o Prilex já atua em outros países. Em 2019, foram identificados na Alemanha ao fraudar cartões de débito Mastercard, emitidos pelo banco alemão OLB, sacando mais de € 1,5 milhão de cerca de 2 mil clientes.
Os criminosos precisam da inserção do cartão físico porque, em compras por aproximação (sejam elas por cartão, celular ou até relógio inteligente), cada transação emite uma informação única, que tem pouca utilidade para fraudadores quando capturada.
Além de conseguir informações mais completas dos cartões, por meio do método tradicional de inserção, os criminosos também podem fazer o Prilex “filtrar” classes de cartões mais visadas, por exemplo só registrando informações de cartões “black” ou “platinum”.
Para “instalar” o vírus nos aparelhos, golpistas ligam para a loja e se passam por funcionários das operadoras de maquininhas, afirmando que o produto precisa de uma “manutenção”. Em seguida, os criminosos convencem o comerciante a instalar uma ferramenta que dá acesso remoto ao computador, abrindo espaço para a instalação do programa malicioso no sistema.
Lojistas podem se prevenir do Prilex tomando algumas precauções básicas de segurança, como separar computadores pessoais de máquinas de sistemas de pagamentos e não fornecer informações estratégicas a agentes que pareçam suspeitos, principalmente por telefone.
Os consumidores devem sempre estar atentos a cobranças indevidas na fatura do cartão, acionando a instituição financeira responsável assim que notar alguma movimentação estranha.