
Imprensa americana diz que Allen Weisselberg e o conglomerado de Trump serão indiciados nesta quinta-feira (1º), mas o ex-presidente americano deve ficar de fora das primeiras acusações.
O diretor financeiro (CFO) da Trump Organization, Allen Weisselberg, se apresentou às autoridades judiciais nesta quinta-feira (1º), no dia em que o executivo e o conglomerado que reúne as empresas do ex-presidente dos Estados Unidos devem ser indiciados.
Serão as primeiras acusações de uma investigação que paira sobre Donald Trump há anos. Ela era apenas civil, mas em maio passou a ser também criminal, por suspeita de fraudes bancárias e em seguros e evasão fiscal.
Weisselberg é um contador de 73 anos que passou grande parte de sua carreira trabalhando no império imobiliário da família Trump, onde ingressou em 1973, e ajudou o ex-presidente a administrar o conglomerado durante seu período na Casa Branca.
Weisselberg foi visto entrando em um prédio que abriga o tribunal criminal de Manhattan nesta manhã para ser notificado das acusações às quais responderá, segundo a imprensa americana.
Os jornais “The Wall Street Journal”, “The New York Times” e “The Washington Post” dizem que a acusação se refere a benefícios em espécie concedidos Weisselberg que não teriam sido declarados à Receita.
Segundo a imprensa, Weisselberg e a Trump Organization serão denunciados no final do dia pelo promotor Cyrus Vance Jr. e o ex-presidente não deve ser indiciado por enquanto. Mas a investigação do Ministério Público de Nova York continua.
O conglomerado das empresas de Trump, que vão de hotéis a campos de golfe, divulgou comunicado em que acusa os promotores de usar Weisselberg como um “peão” para perseguir o ex-presidente.
Trump sempre negou qualquer irregularidade e disse que a investigação era uma “caça às bruxas” por por motivos políticos. Vance é filiado ao Partido Democrata (nos EUA, os membros do Ministério Público são eleitos e é comum que os promotores sejam ligados a partidos).
A investigação
O promotor distrital inicialmente se concentrou em investigar pagamentos para comprar o silêncio de duas mulheres que afirmam ter tido casos com Trump, mas avançou para evasão fiscal e fraude.
O inquérito é conduzido de maneira sigilosa e, em março, obteve acesso a oito anos de declarações de Imposto de Renda de Trump, após uma decisão da Suprema Corte do país
A decisão foi uma resposta a um pedido feito pelos advogados de Trump, que tentavam manter as informações fiscais do ex-presidente sob sigilo.
Em 2018, Michael Cohen, o ex-advogado de Trump, foi preso após reconhecer que havia pago pelo silêncio de duas mulheres quando elas acusaram o então candidato republicano à Casa Branca de ter mantido relações sexuais fora do casamento.
Antes de ser preso, Cohen alegou que Trump – com o apoio de seus familiares – cometeu diversas fraudes fiscais e bancárias ao longo dos anos.
Segundo o ex-advogado, o republicano teria “inflado seus ativos” para aparecer na lista dos homens mais ricos da revista “Forbes”, mas mentiu e desinchou os números para não pagar impostos.
IR presidencial
Durante a campanha presidencial americana e os quatro anos em que ocupou a Casa Branca, Trump se recusou a divulgar as suas declarações de Imposto de Renda – algo que era feito por todos os seus antecessores.
Os presidentes americanos sempre divulgaram suas declarações, detalhando as fontes de renda e impostos pagos, em nome da transparência.
Em setembro, o jornal “The New York Times” revelou que Trump não pagou imposto de renda em 10 dos 15 anos anteriores à sua eleição — e pagou apenas US$ 750 de imposto em 2016 e em 2017 (justamente o ano em que foi eleito e o primeiro no cargo).
Em maio deste ano, Biden retomou a tradição rompida por Trump e publicou a sua declaração de impostos.
O atual presidente americano e sua esposa, Jill, ganharam no ano passado US$ 607 mil (cerca de R$ 3,16 milhões na cotação da época).
O casal pagou US$ 157 mil em Imposto de Renda federal, uma alíquota efetiva de 25,9%, e mais US$ 28,8 mil de IR estadual em Delaware, onde residia antes de chegar à Casa Branca.