Atualmente, o nome de Donald Trump une as comemorações nos governos do Brasil e da Argentina. Porém, o que parece uma sarau é, na verdade, uma frase de refrigério.

No caso do governo brasílio, o sentimento decorre do início de negociações entre Trump e o presidente Lula (PT), que poderiam eventualmente levar à retirada de, ao menos, secção das sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Já na Argentina, o refrigério vem tanto da ajuda financeira americana quanto da importante vitória de Javier Milei nas eleições legislativas, o que trouxe um breve respiro em um momento crítico e abriu a perspectiva de um horizonte econômico e político mais favorável.

É inegável que Donald Trump exerce uma influência considerável sobre os acontecimentos recentes, mas seria essa influência capaz de mudar efetivamente o rumo dos fatos? No Brasil, boa secção dos ventos políticos favoráveis ao presidente Lula resulta das decisões equivocadas tomadas pelas forças de oposição — decisões que não se restringem à postura diante de Trump. Essas forças, neste momento, fazem jus ao ditado popular segundo o qual “o pior cego é aquele que não quer ver”. Assim, o principal motivo do refrigério brasílio está, de indumentária, em fatores políticos internos.

Na Argentina, o fator doméstico de maior peso foi o pânico dos eleitores diante da provável volta do peronismo, considerado fracassado e desgastado. O problema é que sensações de refrigério uma vez que essas costumam ser passageiras. Questões geopolíticas amplas determinam a forma uma vez que o governo dos Estados Unidos trata Brasil e Argentina — sempre em resguardo exclusiva de seus próprios interesses políticos e econômicos, num cenário internacional escravizado pelos mais fortes.

Em outras palavras, tanto o Brasil quanto a Argentina continuam longe de resolver suas crises. Ainda assim, resta torcer para que as coisas caminhem muito — e deixar que Trump continue acreditando que tudo depende somente dele.