CRISE

Fundação alega que SMS não responde a tratativas e que transição para OSs ocorre sem diretrizes definidas

Fundahc diz que não há “planejamento claro” por parte da Prefeitura de Goiânia em troca das gestões das maternidades (Foto: Divulgação)

A Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) afirmou nesta sexta-feira (22) que a Prefeitura de Goiânia não apresentou “um planejamento claro” para a substituição do atual modelo de gestão das maternidades públicas. Em nota enviada ao Mais Goiás, a entidade informou que a restrição de serviços na Nascer Cidadão, provocada pela suspensão do serviço de anestesiologia, é pontual e que os atendimentos devem ser retomados integralmente ainda hoje.

A fundação ressaltou que as negociações sobre a dívida da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com a instituição, conduzidas em conjunto com a Universidade Federal de Goiás (UFG), não tiveram resposta do Executivo. Segundo a Fundahc, os atrasos financeiros e as condições de trabalho comprometidas têm gerado insegurança entre os profissionais e impacto direto na estabilidade da rede.

Eis a nota enviada pela Fundahc ao Mais Goiás na íntegra:

“A Fundahc esclarece que a restrição de serviços na Maternidade Nascer Cidadão (MNC) decorrente da suspensão do serviço de anestesiologia está sendo controlada e os atendimentos deverão ser retomados em sua totalidade ainda nesta sexta-feira, 22.

Reforçamos que, mesmo diante da urgência, as tratativas apresentadas pela Fundahc e pela Universidade Federal de Goiás (UFG) acerca da dívida existente por parte da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) junto à fundação ainda não foram respondidas pelo Executivo. Tampouco há um planejamento claro para a implementação de um novo modelo de gestão, especialmente em um cenário de atrasos financeiros e condições de trabalho comprometidas, o que gera insegurança entre os profissionais e impacta diretamente a estabilidade dos serviços de saúde.

A Fundahc reafirma seu empenho em adotar as medidas cabíveis para garantir respeito aos colaboradores e minimizar os prejuízos à população.” 

SMS mantém urgências e fala em troca de modelo

A Secretaria Municipal de Saúde disse que a suspensão na Nascer Cidadão confirma a necessidade de substituir a gestão da Fundahc por organizações sociais. A pasta informou que encaminhou equipe à unidade para reorganizar os fluxos de atendimento, mantendo urgências, consultas ambulatoriais e assistência a pacientes internados. Gestantes sem risco imediato são redirecionadas para a Maternidade Dona Íris, Hospital das Clínicas ou Hospital Estadual da Mulher.

“A nova paralisação e a falta de regularidade na assistência oferecida aos usuários evidenciam ainda mais a necessidade de troca do atual modelo de gestão das unidades de saúde”, afirmou a SMS.

Cremego cobra providências

O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) também reagiu à suspensão dos atendimentos. O presidente da entidade, Rafael Martinez, informou que o conselho oficiou a SMS e acionou o Ministério Público Estadual, classificando a situação como “extremamente grave”. Para o órgão, a ausência de anestesiologistas inviabiliza partos e cirurgias de urgência, colocando em risco gestantes e recém-nascidos.

Crise nas maternidades

O impasse na Nascer Cidadão ocorre em meio a uma crise mais ampla da rede municipal. Em julho, o Hospital Célia Câmara já havia interrompido partos e cesáreas por falta de pagamento a médicos. Diante do quadro, a Prefeitura decidiu encerrar os convênios com a Fundahc no próximo dia 29 de agosto e repassar a administração das maternidades a três organizações sociais contratadas em caráter emergencial.