A defesa de Roberto Soriano, Abel Pacheco de Andrade e Wanderson Nilton de Paula Lima divulgou, nesta quarta-feira (27), uma nota oficial contestando declarações recentes de Marco Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, líder do PCC.
Um racha entre os principais líderes da facção expôs uma crise sem precedentes dentro do PCC. Documentos obtidos pela CNN mostram que o escritório de advocacia que defendia Marcola tentou impedir judicialmente a utilização de áudios considerados pela facção como um ato de “traição”.
Em entrevista exibida pelo Fantástico, no dia 10 de agosto, o advogado de Marcola, Bruno Ferullo Rita, afirmou que as acusações contra seu cliente se baseariam em “recortes parciais que distorcem a realidade”. A defesa do trio rebateu a versão.
Segundo a advogada Rafaella Xavier, que assina o documento, os áudios exibidos na reportagem são “autênticos, verídicos e de origem lícita”, gravados dentro da penitenciária por servidores públicos e reconhecidos como genuínos pela Justiça em diferentes instâncias.
A advogada destacou que os registros foram admitidos como prova em dois júris populares que condenaram Soriano a 76 anos de prisão. “Não existe montagem, corte, manipulação ou retirada de contexto”, diz a nota.
Nos áudios, Marcola aparece tratando de negociações com autoridades da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, chamando o diretor do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) de “pai” e mencionando supostos acordos com o Estado para manter a paz nos presídios.
A crise interna no PCC, exposta publicamente, é considerada a maior desde a fundação da facção criminosa.
A CNN mostrou que familiares de Marcola tentaram retirar da internet reportagens que tratam do racha, mas a Justiça negou o pedido. Além disso, advogados ligados ao caso foram acusados de ocultar áudios que colocam o líder máximo do grupo como “traidor”.
O documento divulgado nesta quarta-feira afirma que as provas apresentadas refletem “a verdade dos autos e da realidade processual, não podendo ser desqualificadas como distorções ou recortes parciais”.
Confira a íntegra do documento:
Na qualidade de advogada de ROBERTO SORIANO, ABEL PACHECO DE ANDRADE e WANDERSON NILTON DE PAULA LIMA, a equipe jurídica vem, por meio da presente NOTA DE RESPOSTA, manifestar-se acerca das declarações prestadas pelo advogado Bruno Ferullo Rita, veiculadas na reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, em 10/08/2025.
Na ocasião, o referido advogado, em nome de seu cliente, o Sr. Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como “Marcola”, afirmou que este não teria praticado os atos que lhe foram imputados, sustentando ainda que as acusações estariam baseadas em “recortes parciais que distorcem a realidade”.
Cumpre esclarecer que:
⦁ Não há qualquer distorção da realidade. As provas apresentadas na reportagem correspondem integralmente ao que consta dos autos processuais, estando documentadas e reconhecidas judicialmente.
⦁ Os áudios exibidos são autênticos, verídicos e de origem lícita, tendo sido gravados dentro da penitenciária por servidores públicos e reconhecidos como genuínos pelo Juiz Corregedor do Estado de Rondônia, bem como por magistrados em dois julgamentos distintos.
⦁ Ressalte-se que tais áudios constituíram a única prova utilizada contra Roberto Soriano, sendo decisivos para sua condenação em dois júris populares, nos quais lhe foi imposta a pena total de 76 anos de reclusão, por crimes que ele categoricamente nega ter cometido. Os áudios foram as provas fundamentais em desfavor do réu.
⦁ Não existe montagem, corte, manipulação ou retirada de contexto. Os arquivos encontram-se em sua forma bruta e foram judicialmente admitidos como prova válida.
⦁ É importante destacar que o próprio advogado de Marcola, DR. BRUNO FERULLO RITA, limitou-se a requerer o desentranhamento dos áudios dos autos, sem apresentar qualquer elemento técnico ou pericial que apontasse falsificação, adulteração ou montagem, reconhecendo, assim, a existência dos registros.
⦁ Os áudios em que Marco Camacho, vulgo “Marcola”, trata de negociações com autoridades da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, refere-se ao diretor do RDD como seu “pai” e afirma possuir acordo com o Estado para manter a paz nos presídios integram processos judiciais, tendo sido utilizados como provas pelo Poder Judiciário, em sua totalidade e sem cortes, o que derruba a narrativa de manipulação ou edição.
Diante disso, os fatos narrados na reportagem e as provas nela apresentadas refletem a verdade dos autos e da realidade processual, não podendo ser desqualificados como distorções ou recortes parciais.
Este é o registro que se faz em respeito à verdade, à Justiça e ao direito constitucional de resposta._
