
A conta dos juros no Brasil já passa de R$ 1 trilhão — um peso que expõe o descontrole fiscal e as distorções da economia. Enquanto grandes setores contam com crédito subsidiado e taxas especiais, boa secção dos brasileiros enfrenta custos financeiros proibitivos.
Foi a partir desse contraste que o economista Marcos Lisboa descreveu o Brasil uma vez que uma economia “face, ineficiente e pouco inovadora”, durante participação no podcast Outliers InfoMoney.
“O agronegócio tem juros baratos, quem tem chegada ao BNDES também. Mas muitos pagam juros proibitivos”, disse. “O Brasil é um país dispendioso. Protege empresas ineficientes e não estimula inovação, produtividade ou desenvolvimento econômico.”
Para Lisboa, o país chegou a uma situação de mediocridade persistente, sustentada por submissão estatal e decisões políticas equivocadas, embora ainda distante de um colapso uma vez que o venezuelano.
“O mundo enriqueceu e a gente ficou para trás. Não somos a Venezuela. Cá é medíocre — escolhemos ser um país medíocre. Gostamos da mesada do governo e de um setor privado que depende do Judiciário.”
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Economista afirma que o país só faz ajustes estruturais quando pressionado por crises e critica o protecionismo e os subsídios
Riscos de governança e instabilidade jurídica
O economista também alertou para riscos de governança e instabilidade jurídica, fatores que, segundo ele, travam o envolvente de negócios e desestimulam investimentos produtivos.
“A Justiça do Trabalho, a Receita Federalista e órgãos de controle frequentemente interpretam a lei em vez de respeitá-la, o que gera desfuncionalidade na economia.”
Lisboa acrescentou que, apesar de o cenário não ser apocalíptico, o Brasil convive com ordinário desenvolvimento e decisões públicas que favorecem grupos específicos, consolidando uma economia de resultados limitados.
“Ainda que não estejamos em tragédia, vivemos um quadro de estagnação. As decisões do Estado favorecem setores com lobby, e não o conjunto da sociedade.”
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Brasil: paciente em estado grave, mas ainda não terminal
Para Marcos Lisboa, a economia brasileira apresenta sinais de fragilidade comparáveis aos de um paciente em estado grave, embora ainda haja tempo para recuperação.
“O Brasil vive um momento de tensão econômica que especialistas descrevem uma vez que sintoma de saúde grave, mas ainda não terminal”, afirmou.
Segundo o economista, o país só avança em reformas quando atinge um ponto de crise que obriga o alinhamento político.
“A gente já viveu isso várias vezes. Tivemos subida inflação nos anos 80, políticas econômicas que fracassaram imensamente, e o protecionismo nos atrasou em relação ao mundo.”
Lisboa relembrou os anos de hiperinflação, quando os salários e aplicações perdiam valor rapidamente, e o brasiliano corria para trocar verba por bens de consumo.
“Você corria para trocar verba por produtos uma vez que leite condensado ou sabão em pó, porque mesmo aplicações overnight não protegiam. Fizemos o ajuste, enfrentamos introdução mercantil e privatizações de serviços públicos ineficientes. A telefonia era um sem razão.”
Durante o incidente do Outliers InfoMoney, apresentado por Clara Sodré e Fabiano Cintra, Lisboa classificou o cenário atual uma vez que de perda de controle institucional e falta de liderança efetiva na meio da política pública.
“Hoje, a incompetência do Executivo impede uma liderança efetiva na política pública. As decisões do Congresso são fragmentadas e atendem a interesses de grupos, e o patrimonialismo é ecumênico — esquerda e direita apoiam medidas semelhantes, inclusive populistas.”
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